Derrubando o preconceito
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1. O racismo pode ser compreendido a partir de diferentes perspectivas e não são só os negros que são vítimas de racismo. Leia o texto Diferentes olhares sobre o racismo, procurando perceber as diferentes perspectivas envolvidas no conceito e quem são as vítimas potenciais do racismo.
Etapa 3
Diferentes olhares sobre o racismo*
Embora no século XIX algumas abordagens científicas tenham considerado a possibilidade de existência de diferentes raças** - negra, amarela e branca -, cada vez mais a ciência moderna vem se colocando de acordo com o fato de que a humanidade teria tido uma origem única. Do ponto de vista das ciências biológicas, o conceito de raça aplicado aos seres humanos seria, portanto, um equívoco, já que não existem genes raciais na espécie humana, como demostrou o Projeto Genoma.
Apesar de nos serem muito perceptíveis as diferenças entre negros e brancos relativas à cor de pele, tipo de cabelo, formato de rosto e boca, essas diferenças são pouco significativas quando comparadas como o número total de genes. Ou seja, do ponto de vista genético, somos todos iguais.
Se, do ponto de vista biológico, o termo raça não faz sentido, por extensão, racismo também não deveria fazer. Mas, do ponto de vista social e cultural, parece fazer algum sentido manter esses termos para descrever alguns fenômenos. Por exemplo, é importante saber quantos negros (historicamente explorados e discriminados por mais de dois séculos por ocasião da escravidão) se formam no ensino superior, quantos ocupam cargos de chefias ou quantos morrem antes dos 30 anos e se, percentualmente, esses números são iguais aos números relativos aos brancos. Esses indicadores podem determinar a criação de políticas que visem à diminuição dessas desigualdades. São as chamadas políticas compensatórias, que estabelecem uma discriminação positiva, que ao invés de retirar direitos, busca ampliá-los por meio da diminuição das desigualdades. A proposição de cotas é uma dessas políticas.
Mas a manutenção do termo racismo não conservou o mesmo significado. Por mais que ainda hoje possa haver um uso maior do termo para se referir à discriminação sofrida pelos negros, o termo também é usado em referência à discriminação em relação à etnia, religião ou nacionalidade. O artigo 1º da Lei 7716/89 que “define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor” explicita essas múltiplas referências:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Texto escrito especialmente para essa atividade.
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A hipótese da existência de diferentes raças serviu de sustentação para teses racistas, como a que prevê a existência de raças superiores a outras, base, por exemplo, do nazismo
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Fontes consultadas
Contribuidores da Wikipédia. Raças Humanas. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ra%C3%A7as_humanas&oldid=45489150>. Acesso em: 5 jun. 2016.
Diwan, P. Eugenia, a biologia como farsa. História Viva. São Paulo: Duetto Editorial, 2014. Disponível em: < http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/eugenia_a_biologia_como_farsa.html >. Acesso em: 5 jun. 2016.
TEMPLETON, A. As diferenças genéticas entre
etnias são insignificantes. Belo Horizonte: 25 nov. 1998. Boletim UFMG, Belo Horizonte, ano 25, n. 1212, p.5. Entrevista concedida a Alexandre Leite. Disponível em: <https://www.ufmg.br/boletim/bol1212/>. Acesso em: 5 jun. 2016.
Nessa Etapa 3, o foco será o racismo contra os negros. Se ele não se sustenta mais do ponto de vista biológico, por que ele continua existindo e se perpetuando?
Para refletir um pouco mais sobre a questão, assista ao vídeo Teste de bonecas.
Pense, agora, sobre a seguinte frase dita por Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, ganhador do Prêmio Nobel da Paz e um líder na luta contra a segregação racial:
Ninguém nasce odiando outras pessoas por causa da cor de sua pele, de usa origem ou da sua religião. Para odiar, é preciso aprender.
Onde e como, então, “se aprende” a ser racista?
4. Assista aos quatro vídeos sugeridos (com caneta na mão para tomar nota) procurando observar como e porque o racismo pode se perpetuar. Clique na seta do lado direito ou esquerdo da tela para passar de um vídeo para outro.
a) O que seria uma história única? Qual é o perigo de uma história única? Como ela se espalha?
b) Que manifestações do racismo são mencionadas pelo Emicida?
5. Assista a uma reportagem a seguir, produzida pelo jornal Justiça em Questão e participe do fórum preconceito no futebol.
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a) A atitude violenta dos torcedores para com Tinga, retratada na reportagem Preconceito no futebol foi um ato impensado ou racismo?
b) Levando em conta as definições de injúria racial e racismo comentadas por Júlio Gutierrez, você considera que as hostilidades sofridas por Tinga e Daniel Alves se enquadrariam em algum desses crimes? Por quê? Como esses atos violentos estão relacionados à noção de “preconceito”?
6) Assista ao vídeo Vista a minha pele.
Ao final, faça um breve comentário sobre o filme, deixando claro se você considera que a estratégia utilizada pelo vídeo para atingir seu objetivo é boa ou não. Para isso, você deverá dizer:
-
com que finalidade o vídeo foi feito;
-
qual a estratégia utilizada pelo vídeo para procurar atingir seu objetivo;
-
se você achou que a estratégia é adequada para atingir o objetivo.
Durante a Etapa 3, você tive a oportunidade de aprofundar o olhar sobre o racismo a partir de vídeos e leitura de textos sobre o assunto, buscando perceber: algumas de suas origens, suas manifestações e a falta de informação que cerca o assunto.
A seguir, você irá se debruçar sobre outro tipo de preconceito: a homofobia.
Preparado(a)s?